Alerta de gatilho: descontentamento
Quase trinta anos.
Nada mais me decepciona.
Quase trinta anos.
Os sonhos são apenas sonhos.
Se alguém me dissesse,
há cinco anos atrás,
que com quase trinta anos,
eu estaria desacreditada,
eu não teria acreditado.
Eu não teria acreditado,
porque eu acreditava.
Eu não teria acreditado,
porque na época nada
parecia impossível.
Mas envelhecer pega a
gente de surpresa.
Os anos que outrora
não passavam.
Passam por cima de nós.
Deixando apenas medo e
insegurança.
Desespero por não saber
o que virá depois.
Eu não consigo mais rezar.
Eu não consigo mais acreditar.
Acreditar que o mundo é cor
de rosa e que, no fim, todo
mundo terá o que merece.
Não existe justiça para todo mundo.
Não existe comida suficiente.
Nem todas as crianças são felizes.
Vivemos esperando por dias
melhores, sem fazer ideia de
que eles podem não chegar.
Vivemos esperando pela
igualdade, mas não fazemos
ideia do quanto a maioria das
pessoas odeiam ser iguais.
Eu não consigo mais rezar.
Eu não consigo mais acreditar.
O que acontecerá depois de
todos os nossos anos vividos?
Quase trinta anos.
E para mim, nada neste
mundo faz sentido.
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Foto de Anna Roguszczak no Pexels