Pessoas Normais foi o meu primeiro contato com esse tipo de leitura e eu lembro que eu achei a leitura toda muito estranha justamente porque contava a história de duas pessoas quebradas. Afinal de contas, ninguém gosta da realidade nua e crua, inclusive muitas pessoas adquirem o hábito de ler para fugir da realidade. Mas conforme eu fui lendo mais livros com esse tipo de escrita mais crua, eu fui me apaixonando por personagens reais.
E eu sei que é uma delícia ler uma história fofa, uma história onde todos os personagens encontram o seu final feliz. Mas a realidade que nós vivemos no mundo não chega nem perto do que os livros mais fantasiosos nos prometem.
Então, eu acho importante a gente ter contato com romances entre pessoas quebradas, porque esse tipo de livro nos ajuda muito com relação ao que nós passamos na nossa vida real. Existe identificação. É claro que não dá para romantizar problemas psicológicos e é preciso ter muita cautela e absorver só o que realmente vale a pena, mas a verdade é que nós somos cabeças duras e teimosos em nossas vidas assim como esses personagens quebrados. E é por isso que muita gente problematiza esse tipo de leitura, porque aquilo é real demais, tão real, que a pessoa escolhe problematizar ao invés de enxergar que nós somos exatamente daquele jeito.
Eu já li vários livros com romance entre pessoas quebradas, mas eu resolvi trazer três livros que mostram esse tipo de relacionamento de forma nua e crua pra você ler e se identificar.
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3 Livros de romance para pessoas quebradas:
Conversas entre amigos (2017)
Conversas Entre Amigos, o romance de estreia de Sally Rooney, mergulha nas complexas dinâmicas de relacionamentos modernos, amizade e autodescoberta. A história é narrada por Frances, uma estudante universitária de 21 anos e poetisa, que se apresenta, narrando suas poesias, com sua melhor amiga e ex-namorada, Bobbi.
A história se desenrola quando Frances e Bobbi conhecem Melissa, uma jornalista e fotógrafa de sucesso na casa dos trinta, e seu marido, Nick, um ator mais reservado. Melissa fica fascinada pela dupla de poetas e as convida para seu círculo social, introduzindo-as a um mundo mais sofisticado e adulto em Dublin.
À medida que a amizade entre as duas duplas se aprofunda, as relações se tornam cada vez mais intrincadas. Bobbi se sente atraída por Melissa, enquanto Frances, de forma inesperada, inicia um caso secreto com Nick. Essa nova dinâmica de “ménage-à-quatre” é o cerne do romance, explorando as tensões, os segredos e as vulnerabilidades que surgem quando os limites do amor, da amizade e da moralidade são borrados.
Pessoas Normais (2018)
Pessoas Normais, de Sally Rooney, é um romance aclamado que narra a complexa e intermitente relação entre Connell Waldron e Marianne Sheridan desde a adolescência até a vida adulta jovem. A história, ambientada na Irlanda, explora o amor, a amizade, a classe social e a saúde mental dos personagens.
O livro começa na escola secundária, em Sligo, onde Connell é o popular jogador de futebol, inteligente e querido por todos, enquanto Marianne é a pária social, solitária, excêntrica e constantemente intimidada. Apesar das diferenças óbvias, eles desenvolvem uma atração secreta e um relacionamento físico, impulsionado pela inteligência mútua e uma conexão profunda que ninguém mais entende. Connell, por sua vez, esconde esse relacionamento de seus amigos para proteger sua reputação social.
Quando ambos são aceitos na Trinity College Dublin, os papéis sociais se invertem drasticamente. Marianne floresce no ambiente universitário, encontrando seu lugar entre estudantes intelectuais e descolados. Ela se torna mais confiante e popular, enquanto Connell luta para se adaptar. Ele se sente deslocado, ansioso e financeiramente oprimido, vindo de uma família de classe trabalhadora. Mesmo separados por outros relacionamentos e novas amizades, a órbita entre eles permanece forte, e eles continuam a se encontrar e se separar, sempre voltando um para o outro em momentos de crise ou solidão.
Nós dois sozinhos no éter (2023)
Nós Dois Sozinhos no Éter, de Olivie Blake, é um romance que mergulha nas profundezas da conexão humana, da vulnerabilidade e da complexidade de amar quando se está quebrado.
A história apresenta Aldo Damiani e Charlotte Regan. Aldo é um teórico antissocial, um matemático que organiza sua vida em rotinas e fórmulas para lidar com o que ele percebe como um mundo caótico e perturbador. Sua mente está constantemente ocupada com cálculos que envolvem desde viagem no tempo até abelhas. Já Charlotte, ou Regan, é uma falsificadora de arte que prefere a mentira à verdade e vê as pessoas como previsíveis e tediosas, combatendo o tédio com decisões impulsivas e a imaginação de novas linhas do tempo a cada ação.
Eles se conhecem por acaso no Instituto de Arte de Chicago e, apesar de suas personalidades contrastantes, uma curiosidade mútua os intriga. Decidem ter apenas seis conversas, estruturadas como as seis pontas de um hexágono, antes de seguir seus caminhos separados. No entanto, a colisão de suas mentes e personalidades leva a uma paixão intensa e, por vezes, obsessiva. O relacionamento deles oscila entre um encaixe perfeito e um desastre iminente, ameaçando a pouca estabilidade que cada um conseguiu construir em suas vidas.
Foto de cottonbro studio