Bridgerton

Querida Eloise

Eu conheço muito bem os seus medos e questionamentos porque eles também pertencem a mim. É difícil lidar com as circunstâncias quando se tem sonhos diferentes da maioria das pessoas, principalmente quando séculos se passaram e a cabeça da sociedade continua a mesma. Eu não sei se você se sente assim, Eloise, mas não é sufocante viver uma vida toda tentando mostrar para as pessoas que cada pessoa neste mundo tem suas diferenças? Não é desesperador lidar com o fato de que nem todas as mulheres tem instinto materno? Não é aterrorizante ser chamada de fria quando você coloca seus sonhos em primeiro lugar? Não é extremamente dolorido ser chamada de louca quando você tem toda a razão?

Séculos se passaram, Eloise, mas o pensamento da humanidade continua sendo o mesmo: você é uma máquina, você tem que seguir as regras, você tem que se abdicar de suas vontades, você não tem direito de reclamar, você não tem direito de não ter psicológico para ter filhos, você não… você não… você não. Você é mulher, você tem que sempre sorrir, você tem que aturar seu marido que te humilha, você tem que carregar a família nas costas, você tem que continuar, porque você é mulher e sobreviver vem no pacote.

Mas nós não queremos apenas sobreviver, Eloise, nós queremos viver, nós queremos tomar vinho em um bar em Paris, nós queremos assistir um filme sem sermos assediadas por estarmos sozinhas, nós queremos andar sossegadas na rua, nós queremos dançar tango nas ruas da Argentina, nós queremos ser felizes. Mas infelizmente sempre seremos taxadas de malucas, Eloise, porque querer o que é diferente é praticamente proibido.

Mas eu gostaria de te agradecer, Eloise, porque foi por causa de mulheres como você que as coisas começaram a mudar. Foi por causa de mulheres que bateram o pé e lutaram por seus direitos, sonhos e objetivos, que hoje em dia nós temos escolhas. Apesar de todo o preconceito e julgamento disfarçado de opinião, nós só nos libertamos de muitas coisas porque um dia pessoas sonhadoras como você tiveram coragem de escapar da gaiola e voar pelo céu azul de verão.

Com amor,

Renata