Eu prometi para mim mesmo que esta não seria mais uma carta de amor, mas tudo o que eu sei é escrever sobre você. Amor. Você. São as mesmas coisas para mim. Não sou mais o mesmo desde que você passou por aquela porta. É como se um buraco tivesse sido aberto dentro do meu peito. Fundo. Dolorido. Seu cigarro ainda está pela metade dentro do cinzeiro. Olho pra ele todas as vezes que passo pela sala pra fechar a janela e me lembro que você costumava fumar na sacada, observando as estrelas. Você sempre foi um mistério pra mim. Indecifrável. Forte como uma rocha, mas chorava, pelos menos, três vezes por semana, no banheiro, de madrugada, enquanto (segundo sua percepção) eu estava dormindo. Mas eu ouvi você chorar, dez, vinte, trinta vezes, durante tanto tempo que parei de contar. Eu devia ter te ajudado, eu devia ter me levantado e te abraçado, mas eu recuei e sem perceber te joguei para os braços de outro alguém, um alguém que não teve medo de enfrentar o furacão que existe dentro de você. Ouvi dizer que você está bem agora, feliz, construindo com ele, tudo o que, um dia, você sonhou comigo. Mas eu não te culpo (se é isso o que você está pensando), eu culpo a mim mesmo por ter perdido alguém como você. Eu prometi para mim mesmo que esta não seria mais uma carta de amor, mas falhei miseravelmente (como falhei com você). Não conseguirei dar um final decente para esta carta (não sou bom com finais), mas eu espero que você esteja lendo. (Deus, por favor, que ela esteja lendo…)
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Foto: Pixabay