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De vez em quando eu me pergunto: que diabos nós estamos fazendo aqui? E a verdade é que isso acontece com uma certa frequência, não é só de vez em quando. Mas o fato é que ultimamente eu tenho tentado me convencer de que não existe um significado ou um propósito. Vivemos porque temos que viver e morremos porque temos que morrer. Simples assim.
Mas a verdade é que não é tão simples assim, lá no fundo todo mundo carrega uma dose de esperança, esperança que faz com que todo mundo saia da cama de manhã. Seria tão mais simples se soubéssemos de fato qual é o objetivo da vida. Talvez se soubéssemos, não viveríamos tão obcecados pela ideia de deixar um legado. Afinal de contas todo mundo quer ser alguém, mas mais do que isso, todo mundo quer ser alguém digno de ser lembrado pelas próximas gerações.
Os Prós e os Contras de Nunca Esquecer é um livro do escritor Val Emmich que conta a história de dois personagens distintos. Joan é uma menina de dez anos extremamente sonhadora. Ela tem um dom incrível, consegue se lembrar com exatidão todos os momentos de sua vida. Ela é portadora de uma síndrome rara, chamada “Memória autobiográfica Altamente Superior” e por mais que ela tente esquecer algumas coisas, ela realmente não consegue. Ambiciosa, Joan quer ser uma grande compositora e fazer músicas que a eternizem no coração não só de sua família, mas do mundo todo, só que no meio do caminho, ela descobrirá que não será tão fácil assim.
Em paralelo, conhecemos Gavin, um dos melhores amigos do pai de Joan, que foi casado com Sydney, o melhor amigo da mãe dela. Gavin era um ator famoso, tinha uma vida bem-sucedida e vivia feliz ao lado de Sydney, mas a morte repentina do marido, faz Gavin praticamente surtar e após um incidente em sua casa, preocupados com o amigo, os pais de Joan decidem convidar Gavin para morar com eles durante algumas semanas. Nasce a partir daí uma amizade maravilhosa entre Joan e Gavin. A menina que não quer ser esquecida e o homem que quer esquecer.
É tão estranho pensar que não existe um propósito quando existe tanto amor e conexão entre as pessoas. Mas por outro lado é tão maluco imaginar que talvez exista um propósito maior. É tudo muito confuso, existir ou não existir um propósito. Ser ou não ser lembrado. Deixar ou não deixar uma marca no mundo. Porque lá no fundo todos nós queremos ser importantes e lembrados. Mas queremos ser lembrados por quem? Queremos ser importantes para quê? Não sei, mas todos nós queremos isso.
Quando vi o livro Os prós e os Contras de Nunca Esquecer na Amazon, comprei imediatamente, pelo fato de o livro falar sobre morte, memórias, dor e amor, mas acima de tudo, eu comprei porque eu me identifiquei com a Joan, eu também não queria ser esquecida e imaginei que talvez a Joan pudesse me dar algumas respostas, mas as respostas acabaram vindo do Gavin.
Durante a leitura eu percebi através de Gavin que o importante sempre será o quanto nós fomos amados nesse mundo pelas pessoas certas, pelas pessoas que realmente se importaram conosco. Deve ser incrível ser lembrado pelo mundo todo como alguém que fez algo grandioso, mas nada se compara a ser lembrado pelas pessoas certas, àquelas pessoas que te conheceram de fato e que te amaram enquanto você esteve aqui.
Sensível e emocionante, Os Prós e os Contras de Nunca Esquecer nos mostra o quanto a vida é frágil, além de nos presentear com as mais lindas canções dos Beatles. A história é reconfortante, mas trágica. Calorosa, mas dolorosa. Feliz, mas triste. Assim como as recordações que estão gravadas na parede da nossa memória, um misto de alegria e tristeza que nos acompanhará pelo resto de nossa existência.
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