Pálido ponto azul
Crônicas

Pálido Ponto Azul

Pálido Ponto Azul é uma fotografia da Terra tirada em 14 de fevereiro de 1990 pela sonda Voyager 1, de uma distância de seis bilhões de quilômetros da Terra, como parte de uma série de imagens do Sistema Solar denominada Retrato de Família. Nessa fotografia a terra tem aparentemente o tamanho menor do que um pixel e está no meio de um raio solar capturado pela lente da câmera.

Eu sei que o Carl Sagan escreveu o texto mais bonito da vida sobre essa foto, mas eu simplesmente não consigo deixar de falar sobre o quanto essa fotografia mexeu comigo. Tanto a fotografia quanto o texto que o Carl Sagan escreveu sobre a foto são incríveis, mas o mais interessante é que apesar de acreditar que a vida não passa de um grito no vazio, eu acabei questionando mais uma vez o motivo disso tudo.

Somos um cisco no meio da imensidão do Universo, mas achamos que somos as pessoas mais importantes que já passaram por aqui. Somos a poeira que por algum motivo paira entre as estrelas, mas damos importância a coisas que são, na maioria das vezes, irrelevantes. Somos um sopro que dura apenas alguns anos, mas nos sentimos especiais o suficiente para acreditar que existe um propósito para cada um de nós.

Por outro lado, apesar de sermos um cisco no meio da imensidão do Universo, nos apaixonamos. Apesar de sermos a poeira que por algum motivo paira entre as estrelas, nos decepcionamos. E apesar de a nossa vida ser apenas um sopro que dura apenas alguns anos, criamos laços com quem amamos, laços que ultrapassam as barreiras entre a vida e a morte.

Sofremos, choramos, nos decepcionamos. Sorrimos, nos alegramos, amamos. Ano após ano somos marcados pela brutalidade da vida, perdemos pessoas, perdemos o rumo, perdemos nós mesmos, enquanto a terra continua girando. Somos encorajados a procurar pelo nosso propósito, sem fazer a menor ideia de que pode ser que não exista propósito nenhum. Somos motivados dia após dia a dar o nosso melhor no trabalho, mas não paramos para pensar que é só um trabalho e que um dia ele também não existirá mais. Sofremos copiosamente por amor, mas não nos atentamos ao fato de que isso também passará.

É óbvio que nós não podemos parar de viver porque aparentemente nada faz sentido, mas a gente pode melhorar porque nós queremos viver esses poucos anos de vida, bem e de bem com o Universo. Trabalhe duro, veja seus amigos, faça amor, mas não se ache bom o bastante para pisar nas pessoas que estão ao seu redor, você é a poeira entre as estrelas, a poeira que acha que é uma estrela brilhante, mas que um dia não existirá mais.

Conserve o mundo onde você vive, deixe um legado para os seus filhos, ensine-os a beleza da humildade e eles serão as pessoas mais fantásticas que você conhecerá. Viva bem, cuide bem, deseje o bem, porque nós estamos sozinhos no Universo e precisamos uns dos outros, não existe outra casa para nós, tudo o que nós conhecemos está aqui no Pálido ponto azul, (como disse Carl Sagan), o único lar que nós conhecemos.

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