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Crônicas

Todos os dias eu acordo e acesso minhas redes sociais. Pra quê?

Onde estão as pessoas reais? Onde estão os sorrisos verdadeiros? E as fotos em família, daquelas reveladas e guardadas em um álbum? O que nós fizemos com a essência da vida? Por que estamos tão infelizes?

Todos os dias eu acordo e acesso minhas redes sociais. Pra quê?  Para ver como foi legal aquela festa que meu ‘amigo’ foi e para me questionar mais uma vez se eu realmente vivo uma boa vida, porque afinal de contas, eu nunca tenho festas incríveis para ir. Na hora do almoço é a mesma coisa, eu dou uma olhada nas fotos de pratos maravilhosos que são compartilhados e fico horas olhando para aquela gastronomia maravilhosa que milhares de pessoas tem experimentado e eu não, porque a minha vida é medíocre demais para um dia eu, sequer, pensar em entrar em um restaurante desses.

De tarde vem as fotos onde todos aparecem sorrindo para uma selfie na piscina, e como eu fico? Chateada, porque eu estou em casa vendo tv enquanto as pessoas estão, supostamente, aproveitando suas vidas.  Quando a noite chega é o ponto alto de um dia todo vivido nas redes sociais, é nesse momento que as pessoas vão se arrumar e ficar maravilhosas para uma última foto antes de sair para aproveitar a longa noite que vem pela frente. E como eu me sinto? Triste, é claro! Ficar em casa com a família e até mesmo com os amigos, não parece uma grande noite comparada a grandeza da noite que eu estou presenciando na tela do meu celular.

E aí vem as crises de ansiedade, as dores de estômago causadas por uma gastrite nervosa, a depressão e a inevitável sensação de vazio, de medo e de frustração por não conseguir viver uma vida plena como a ‘maioria’ das pessoas vivem.

O que eu não fiquei sabendo é que aquela festa que meu ‘amigo’ foi, não chegou nem perto de ser uma festa incrível. E sobre o prato maravilhoso, ninguém falou para quem estava visualizando a foto que a comida era mais ou menos. Sobre a piscina, não me foi revelado que depois que aquela foto foi tirada teve uma briga e tanto. E quanto a foto antes de sair para uma noitada, ninguém viu que a noitada de diversão não terminou tão bem assim.

Não foi minha intenção generalizar, mas é somente dessa maneira que você vai perceber que, quase, todo mundo, vive uma segunda vida nas redes sociais. Ninguém é feliz demais, bonito demais ou perfeito demais. Nenhum lugar é tão sensacional assim para ser publicado cinquenta vezes seguidas. E nenhuma pessoa consegue sorrir o dia todo, porque, não, nós não somos robôs.

E nós chegamos a um ponto tão crítico que nós também começamos a fazer as mesmas coisas, porque nós precisamos mostrar que nossa vida também é perfeita, quando a verdade é que nós estamos tão tristes que nem nos damos conta. Ficamos frustrados porque todo mundo está se formando e nós não. Ficamos com raiva porque várias pessoas estão viajando e nós não. Ficamos magoados porque a vida de todo mundo está se ajeitando e a nossa não.

Precisamos nos lembrar de quando não tínhamos acesso a internet. Lembra de como a sua vida era boa? Lembra como era gostoso ficar horas conversando com seus amigos na rua? Lembra o quanto você era agradecido por viver uma boa vida?

A internet tem tirado a nossa inocência em relação as pequenas coisas da vida, tem nos limitado emocionalmente e acabado com o pouco tempo que nós temos nessa terra. Ela veio com a promessa de nos aproximar do mundo, mas não nos falou que nos distanciaríamos de nós mesmos, ela veio para conectar pessoas, mas não mostrou a cláusula que dizia que teríamos que sacrificar nossos amigos mais chegados e o tempo com nossa família. Ela veio para nos ajudar a ter conhecimento, mas não nos alertou sobre o fato de que não ter conhecimento sobre algumas coisas, é na verdade, uma benção.

Que eu seja inteligente o suficiente para entender que a internet tem tirado a minha capacidade de saber lidar com os ‘Nãos’ da vida. E que eu perceba que nunca vou conseguir ter tudo o que eu quero e que está tudo bem. Que eu não seja levado pela suposta felicidade que presencio todos os dias nas redes sociais e que eu perceba que a verdade é que todos nós estamos tentando nos encontrar de alguma forma. Vivamos! Façamos de nossas frustrações, degraus para a superação e o total desprendimento da opinião de pessoas que nós nem mesmo conhecemos.

Clique aqui para ler o artigo O mundo nunca é como você espera.

Foto de ROMAN ODINTSOV no Pexels

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