Por que insistir? Pra que continuar tentando?
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Ad Astra | Por que insistir? Pra que continuar tentando?

Às vezes, parece que eu estou sonhando. É como se eu fosse acordar a qualquer momento em um local completamente diferente. Planetas distantes, estrelas maiores, uma lua cor de rosa. Não importa. Nesse outro lugar tudo faz sentido. Mas se esse outro lugar existisse, mudaria alguma coisa? Se tivéssemos respostas, seriam suficientes ou seriam apenas constatações vazias de qualquer sensação de pertencimento?

O pertencimento nunca esteve no nosso sangue. E sobre isso, todos nós sabemos muito bem. A sensação de nunca ser bem vindo, o medo de estar atrapalhando, a vontade de voltar para um local conhecido, o medo da inevitável solidão. Somos seres terrestres, mas nunca sentimos que o nosso lar é realmente aqui. Vivemos olhando para as estrelas, sempre procurando uma saída, não sabemos o que faremos depois daqui e essa falta de certeza nos consome.

Eu assisti Ad Astra, aquele filme sobre um astronauta melancólico que viaja por estrelas e planetas em busca de um pai que o abandonou. O filme mostra um mundo muito avançado. As atividades humanas não se limitam mais somente a Terra, grande parte dos planetas do nosso sistema solar estão cheios de pessoas trabalhando neles, inclusive o astronauta melancólico.

E, inicialmente, a gente pensa, erroneamente, que o filme será sobre um cara que fará o possível e o impossível para fazer o seu trabalho bem feito. E, o que eu vou dizer aqui não anula todo o trabalho que ele realmente faz durante o filme, mas o filme gira tanto em torno da humanidade do astronauta, que é quase como se eles quisessem mostrar que resposta nenhuma do universo faria um ser humano se sentir completamente feliz. Avanço científico nenhum preencheria esse buraco que existe no nosso coração.

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Por que insistir? Pra que continuar tentando?

Começamos a morrer quando nascemos e nada nesse universo inteiro faria o ser humano se sentir bem com relação a isso. Conquistas territoriais não fariam nem cócegas nessa tristeza profunda que existe dentro de nós, porque nenhuma conquista, nenhum avanço, nenhuma resposta seria suficientemente forte a ponto de nos convencer que tudo isso aqui é uma boa ideia.

Durante o filme, eu só conseguia pensar que eu provavelmente seria como aquele astronauta melancólico diante de tantos planetas e estrelas, diante de tantas viagens espaciais e conhecimento ilimitado. Tudo isso não mudaria o fato de que nós estamos morrendo. Nenhuma tecnologia seria capaz de dar sentido a vida, porque nada faz sentido.

No final do filme, o astronauta cumpriu o seu papel de herói, mas ele não ficou feliz, nem triste, ele não sentiu nada. Ele só queria voltar pra casa, porque no espaço ele estava se sentindo muito sozinho. Todas as viagens, todas as estrelas, todos os planetas, nada foi suficiente.

Nada nunca será.

Por isso, é tão angustiante viver aqui, nada nunca será suficiente a ponto de nos anestesiar. Nada nunca fará sentido a ponto de nos fazer acreditar que existe um propósito em todas as coisas. O mundo não é um roteiro de Hollywood cheio de reviravoltas emocionantes. Somos pessoas normais tentando não enlouquecer, somos pessoas normais que têm medo de morrer.

Confira o trailer de Ad Astra:

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