Quando eu era criança, eu vivia falando que gostaria de ter nascido nos anos 60. Eu achava aquela década maravilhosa, todas as lutas, todas as conquistas, toda paz e amor que tanto ouvia falar nos filmes e nas músicas, faziam meu coração explodir e sentir falta de uma época que eu não vivi. Os anos passaram e eu nunca esqueci essa vontade tão peculiar, eu achava que esse desejo era exclusivamente meu até que eu assisti o filme “Meia Noite Em Paris” e compreendi um pouco mais sobre o ser humano.
O filme conta a história de Gil Pender, um escritor de Hollywood que, embora tenha prosperado financeiramente, não é feliz com o que faz atualmente, ele quer mais. Quando viaja com sua noiva, Inês, para Paris, Gil quer viver todo o romantismo que a cidade proporciona, mas como sua noiva não está muito afim de fazer longas caminhadas pelas ruelas de Paris, Gil decide fazer suas caminhadas sozinho para conhecer a cidade da luz, à meia noite.
Em uma de suas caminhadas, Gil é magicamente transportado para a Paris dos anos 20, onde conhece todos os seus artistas preferidos e se torna grande amigo de todos eles, Hemingway, Salvador Dali, Pablo Picasso. Enquanto vive seu maior sonho, fazer parte da Época Dourada, Gil conhece Adriana, por quem ele se apaixona perdidamente. Da mesma forma mágica que Gil foi transportado para os anos 20, Adriana e Gil são transportados para 1890, onde Adriana confessa para Gil que essa é Época Dourada para ela e que ela gostaria de ter vivido no final do século 19.
No momento em que Adriana diz isso, Gil se dá conta de que está vivendo uma nostalgia e que esse círculo vicioso nunca terá um fim se ele não decidir viver a vida que ele, realmente, quer viver. Ele percebe que a nostalgia nada mais é do que a negação de um doloroso presente e que ele precisa mudar a rota de sua vida para que ele consiga viver o presente plenamente, sem que precise usar o passado como uma válvula de escape.
Assistindo a esse filme eu percebi que precisamos tomar cuidado para não cair nessa armadilha de pensar que nossa vida seria diferente se vivêssemos em uma outra época. A verdade é que a vida não muda com um cenário diferente, ela só muda quando detectamos o que nos atormenta. Quando olhamos para dentro de nós e observamos mais profundamente a razão pela qual vivemos infelizes, temos mais chances de mudar o nosso estado atual e florescer na época em que fomos plantados.
Dê uma chance para Woody Allen te transportar para a magnífica Paris dos anos 20 e aprenda com Gil que a sua vida só se tornará melhor e mais feliz quando você criar coragem para enfrentar todos os problemas que fazem você querer fugir para uma época onde esses problemas não existiam.
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Confira o trailer de Meia Noite Em Paris:
Também fiz uma reflexão sobre o filme Como eu era antes de você. Clique aqui para conferir.