Nada quebra como um coração

Nothing Breaks Like A Heart

Embora o título desse texto seja o nome de uma música do Mark Ronson, não é sobre essa música que eu gostaria de falar. Hoje de manhã eu decidi descaradamente ouvir um cd que me leva de volta para o passado. Divine Discontent. Sixpence None The Richer.  Eu sabia que ouvir esse cd traria um turbilhão de sentimentos. Eu sabia que me sentiria feliz e triste ao mesmo tempo, mas eu prossegui. Eu precisava ouvir ele até o fim.

Conforme as músicas foram tocando, eu fui me deixando levar para uma atmosfera maluca de nostalgia e eu me permiti sentir essa nostalgia, eu a abracei, porque de certa forma, é bom se sentir nostálgico de vez em quando, a nostalgia te mostra que você está aqui, vivo, cheio de bagagens e histórias para contar. Algumas histórias tristes, outras felizes, mas todas reais, experimentos de alguém que passou pela terra e sentiu tudo o que deveria sentir.

Música vai, música vem, de repente começa a tocar Melody Of You e foi a partir dessa música que eu comecei a pensar sobre o quanto eu era diferente na época que eu ouvia esse cd, todos os dias, há dez anos atrás. Eu tinha dezenove anos e o cheiro do mundo ainda era fresco para mim, tantas possibilidades. Um mundo tão grande. Meus sonhos, maiores ainda. E uma vontade incessante de ir além. De voar o mais alto que eu pudesse. Porque nada poderia me derrubar.

Inocente. A vida não facilita para ninguém. Nem para o mais bom e gentil dos homens. Todos. Absolutamente todos os seres humanos tem seu coração partido durante suas vidas. O primeiro não. A primeira decepção. O primeiro coração quebrado em mil pedacinhos e voilà, nasce uma pessoa completamente diferente de você e é com essa nova pessoa que você seguirá a sua vida. A pessoa que surgiu a partir do momento em que o seu coração foi partido. A pessoa que carregará o fardo de saber que nada mais será igual. Você foi modificado para sempre.

Nada quebra como um coração, porque depois que ele é quebrado, suas partes se encaixam em lugares diferentes e a partir daí, ele precisa encontrar uma nova forma de continuar batendo, uma nova forma de enxergar as coisas e uma nova forma de continuar vivendo. Algumas pessoas perdem a esperança, outras, o brilho no olhar. Algumas pessoas mudam suas convicções, outras, ficam paralisadas diante dessa nova forma de viver. Existem as que seguem em frente, mesmo com toda a dor. E existem as que se perdem tentando se encontrar. Existem as que se abrem para as novas possibilidades e ainda existem as que não conseguem esquecer o que ficou para trás.

De qualquer forma, ninguém sai ileso, todos nós somos versões diferentes de nós mesmos, lembranças do que um dia existiu. Como as flores cor de laranja de uma velha árvore que existe no meu quintal. Elas vêm e vão. Todos os anos. E mesmo assim, cada vez que olho para as flores nascendo mais uma vez, não consigo deixar de pensar que aquela velha árvore está vivendo um novo ciclo. Ciclos. Somos seres cíclicos. Vivemos, amamos e sonhamos. Choramos, nos transformamos e renascemos. Alguns mais fortes, outros mais fracos, mas ambos marcados para sempre.

(…)

Você já sentiu como se não fosse mais a mesma pessoa?

Vem ouvir a música que me faz voltar no tempo:

Clique aqui para ler o artigo O passado que carregamos conosco.

Foto: Pixabay

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Previous Post
Ninguém disse que seria fácil

Ninguém disse que seria fácil

Next Post
O show de Truman

Qual é a mensagem do filme “O Show De Truman”?

Related Posts