Uma ideia de você é aquele tipo de filme que te prende logo no início, você quer saber como eles vão se apaixonar, se o relacionamento deles vai dar certo, se eles vão terminar o filme juntos, etc, mas uma das coisas que mais prendem a gente é o fato de que eles são apenas duas pessoas apaixonadas, ponto final.
Solène é uma mulher de 40 anos levando a filha adolescente em um show, simples assim, só mais um dia normal na vida da mãe de um adolescente. Mas uma confusão de banheiros faz com que ela acabe entrando dentro do trailer de Hayes Campbell, o vocalista, de 24 anos, da banda, mundialmente conhecida, August Moon. Conversa vai, conversa vem e nós somos surpreendidos pela atração de Hayes pela Solène, afinal de contas o cinema não costuma fazer muitos filmes sobre casais com essa diferença de idade, e quando eles começam a ficar juntos, nós temos uma explosão de química diante dos nossos olhos.
O etarismo cresceu consideravelmente nos últimos anos, é só você acessar a sua rede social preferida e você verá milhares de pessoas sendo atacadas porque, segundo a população -20, você se torna velho demais para fazer qualquer coisa depois dos 25 anos, depois dos 40, então, você está pronto pra morrer. Sério, é como se atacar as pessoas mais velhas fosse a nova trend do Tiktok, infelizmente se tornou algo recorrente nas redes sociais.
Quando a gente vê uma mulher de 40 anos sendo retratada através de uma personagem se apaixonando, é como se fogos de artifícios estivessem explodindo dentro da nossa cabeça, porque finalmente alguém está falando sobre uma mulher de 40 anos que ainda tem muita vida pela frente e que merece fazer o que bem entender.
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A Solène se acha velha porque fazer 40 anos, segundo a maioria das pessoas, é quase como assinar a papelada para encomendar um caixão. Se apaixonar com 40 anos? Oi? Por um cara mais jovem? É como se ela estivesse cometendo um crime, porque mulheres de 40 anos não podem mais se apaixonar, não podem mais trabalhar, não podem mais sonhar, não podem mais nada, podem apenas esperar a morte chegar.
Eu juro que é muito fácil esquecer a diferença de idade deles durante o filme, porque o amor e a atração entre eles é surreal, e esse fato me faz pensar no quanto o mundo seria um lugar melhor se nós apenas enxergássemos as pessoas como pessoas, não como números. Tudo seria mais fácil se fazer aniversário fosse, de fato, fazer aniversário, não uma constatação equivocada de que você está ficando velho e que precisa parar de fazer certas coisas, como, sei lá, sonhar.
Viver já é difícil o bastante, nós realmente não precisamos de pessoas falando besteira na nossa cabeça conforme nós vamos envelhecendo. Nós estamos aqui, vivos, e enquanto existir vida, existe também a possibilidade de fazer qualquer coisa.
A Solène se apaixonou, você também pode se apaixonar.
Basta você olhar todos os dias no espelho e procurar pela pessoa que você sempre foi. Você não mudou com o passar dos anos, você amadureceu, mas continua sendo a mesma pessoa que você foi com 10, com 20, com 30 anos. Seus sonhos importam, assim como os seus relacionamentos, ninguém pode dizer para você como viver a sua vida. Ela é sua e só você pode vivê-la intensamente.
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