Todas as suas (im)perfeições
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Todas as suas (im)perfeições

Sinopse:

Em Todas as suas (im)perfeições, Quinn e Graham se conhecem no pior dia de suas vidas. Ela chega mais cedo de uma viagem para surpreender o noivo, ele testemunha a traição da namorada. E é assim que ambos acabam no corredor de um prédio, trocando confidências, biscoitos da sorte e palavras de conforto. Fim da dança, se o destino não tivesse outros planos para os dois.

Meses mais tarde, os acordes tocam para o casal mais uma vez e eles se reencontram. Graham está convencido de que são almas gêmeas. Quinn jamais se sentiu dessa forma antes. A intensidade do sentimento os assusta, mas, ainda assim, eles mergulham de cabeça.

O casamento é tudo o que sonhavam, a parceria perfeita. Mesmo nos momentos difíceis, sabem que podem contar com o outro. Nenhum deles desiste do amor que sentem. Até que a primeira nota dissonante abala a sinfonia do casal. Quinn parece estar disposta a trocar tudo o que é pela única coisa que não consegue ser: mãe.

A luta do casal por um filho arrisca os alicerces da relação. Quinn não pode engravidar. Graham não é um candidato para adoção por conta de um erro do passado. O impasse os deixa parados no salão, no silêncio. A orquestra está em suspenso. Os dois parecem surdos para a música do amor de ambos. Será que é possível voltar a ouvir? A dançar? Ou será que vão descobrir a mais triste verdade de todas. Que, às vezes, apenas amar não é o bastante?

Leia também: As melhores frases do livro Todas as suas (im)perfeições.

Todas as suas (im)perfeições

Meu trecho preferido do livro Todas as suas (im)perfeições:

Certa vez, Graham me perguntou por que eu tomava banhos tão demorados. Não me lembro da desculpa que dei. Tenho certeza de que disse que era relaxante, ou que a água quente fazia bem para minha pele. Mas tomo banhos demorados porque é o único momento em que me permito viver o luto. Eu me sinto fraca por precisar do luto quando ninguém morreu. Não faz sentido que eu sofra tanto por aqueles que sequer existiram. Já estou no banho há meia hora. Quando acordei hoje de manhã, presumi, de maneira equivocada, que tomaria uma chuveirada rápida, sem sofrimento. Mas tudo mudou quando vi o sangue. Não deveria me espantar. Acontece todo mês. Aconteceu todos os meses desde que completei 12 anos. Estou encostada na parede do boxe, deixando o jato de água correr pelo rosto. O fluxo dilui minhas lágrimas e faz com que eu me sinta menos patética. É mais fácil me convencer de que não estou chorando tão desesperadamente quando a maior parte do que escorre pelo meu rosto é água. Estou me maquiando agora. Às vezes isso acontece. Em um segundo estou no chuveiro, no seguinte não mais. Eu me perco na dor. Fico tão desnorteada que, quando saio da escuridão, estou em outro lugar. Dessa vez, o outro lugar sou eu, nua, em frente ao espelho do banheiro. Passo o batom no lábio inferior, depois no de cima. Deixo-o de lado e observo meu reflexo. Meus olhos estão avermelhados, mas a maquiagem está perfeita, o cabelo, preso, minhas roupas, dobradas de maneira ordenada no balcão. Observo também o reflexo do meu corpo no espelho, cobrindo os seios com as mãos. Fisicamente, pareço saudável. Meus quadris são largos, minha barriga chapada, os seios, normais e firmes. Quando os homens olham para mim, às vezes, seus olhos se demoram. Mas, por dentro, não sou nada atraente. No íntimo não tenho apelo, segundo os padrões da Mãe Natureza, porque não possuo um sistema reprodutivo operante. Afinal, a reprodução é necessária para completar o ciclo da vida. Nascemos, nos reproduzimos, criamos nossos filhos, morremos, nossos filhos se reproduzem, criam seus filhos, eles morrem. Geração após geração de nascimento, vida e morte. Um lindo ciclo, jamais destinado a ser rompido. No entanto… Eu sou a ruptura. Eu nasci. É tudo de que sou capaz até morrer. Estou à margem do ciclo da vida, assistindo ao mundo girar enquanto permaneço em um impasse.

Autora: Colleen Hoover
Editora: Record

Foto de ZARA HAMDANE

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