Redes Sociais
Crônicas

As redes sociais e o crescente julgamento da vida alheia

Desde o surgimento das primeiras redes sociais pelo mundo, as conexões entre as pessoas aumentaram significativamente. Fizemos amizades virtuais, nos apaixonamos por pessoas, até então, desconhecidas, nos aventuramos pelos incontáveis artigos sobre os mais variados assuntos e nos aproximamos do mundo. O que não fazíamos ideia é que as coisas sairiam do nosso controle e que substituiríamos todas as vantagens das redes sociais por desvantagens inimagináveis.

Transformamos as amizades virtuais em inimigos declarados, ao invés de nos apaixonarmos por pessoas, passamos a odiá-las, os inúmeros artigos reais deram lugar para a mentira de gente cruel e egoísta, e o mundo que até então tínhamos conhecido, se transformou em um cenário de guerra, só que no lugar das bombas, usamos palavras para ferir pessoas que nem mesmo conhecemos pessoalmente.

De alguns anos pra cá eu diminui muito a minha frequência nas redes sociais, justamente porque é impossível ficar horas navegando na internet e não sair chateado por algum motivo. As pessoas estão extremamente cruéis e infelizmente o ambiente que outrora era um lugar de acolhimento, se tornou uma máquina de pessoas infelizes, destilando seu ódio em cima de todo mundo que elas acham que estão cometendo um erro.

É como se todo o mundo estivesse errado e fosse dever dos (juízes da internet), consertar tudo aquilo que está errado. Existe opinião para tudo, para os casamentos que acabaram, para os casamentos que continuam, para as mulheres que engravidaram cedo, para as mulheres que engravidaram tarde, para a política, para a medicina, para a ciência, para a vida. É como se de uma hora para outra todo mundo fosse especialista em cuidar da vida alheia.

O problema de ter opinião para tudo, é que na maioria das vezes essa opinião não é solicitada. Quando uma pessoa anuncia um divórcio, ela não quer saber se você acha que o divórcio é pecado. Quando uma pessoa publica que está grávida, ela não está nem aí se você acha que ela engravidou cedo demais ou se na sua opinião é o golpe da barriga. Quando uma pessoa diz que não acredita em Deus, ela não está nem um pouco afim de ler seu discurso sobre as diferentes maneiras de se queimar no inferno. Você entende o que eu quero dizer? São situações extremamente pessoais, você não tem o direito de fazer uma pessoa se sentir mal só porque você não concorda com ela.

É tão difícil viver neste mundo, é tão complicado tomar decisões, é tão difícil lidar com as consequências dos nossos próprios atos, é tão dolorido mudar. Julgar uma pessoa que você não conhece só mostra o quanto você é insensível com relação a tudo isso, porque a verdade é que você lida com todas essas questões, você sabe que é difícil, mas você não dá a mínima para a dor do outro, somente a sua dor importa.

Antes de apontar o dedo para alguém, olhe para o espelho. Antes de dar a sua opinião nos comentários das redes sociais de alguém, analise a sua vida. Ela é perfeita? Você nunca errou? Pense em como é ruim ser julgado, pense no quanto você odeia que se intrometam na sua vida. Aquelas pessoas nas redes sociais são pessoas como você, de carne e osso, elas choram, elas sofrem, você não é o único com um coração. Todos nós compartilhamos o mesmo mundo, todos nós estamos sozinhos no universo, nós precisamos uns dos outros, não para apontar o dedo e julgar, mas para estender as mãos e amparar.

Clique aqui para ler o artigo Pálido Ponto Azul. Estamos sozinhos no universo?

Foto de Polina Sirotina no Pexels

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